sexta-feira, 8 de julho de 2011

Escola. Precisamos de mais?

Se existe uma coisa que só os humanos podem se orgulhar de ter é criatividade, um quê de inventividade diante das agruras da realidade tão dura e monótona nos afligindo todos os dias, e haja criatividade para se superar o cotidiano, o muito do mesmo sempre. O bom é que podemos e devemos educar e exercitar esta qualidade tão humana, e o que esperamos é ver na escola esta parte rica, lúdica dos seres humanos potencializada ao máximo.
Todo sujeito criativo é também alguém de imaginação sem igual, Newton, Einstein, Pasteur, Mendel seriam tantos que poderíamos citar um milhar de sujeitos, afinal, a ciência, assim como todas as atividades humanas, são objetos nascidos de homens criativos e ricos em imaginação, a hipótese científica é em verdade uma criação imaginada e construída no pensar de um homem de grande criatividade.
A educação formal, regular a qual todas as crianças e  adolescentes estão submetidos compulsoriamente é por definição um lugar, ao menos aqui nos trópicos, uma coisa chata, muito chata, nas suas rotinas, nas suas práticas de aprendizagem e ensino, um cotidiano maçante no qual os alunos e mesmo os professores são submetidos a uma série de pré requisitos invariavelmente destituídos de qualquer elam de criatividade e imaginação.
Na proporção inversa que a sociedade e a ciência avançam dia-a-dia e a passos largos com criações cada vez mais inovadoras e criativas, novos aparelhos com a múltipla convergência de mídias e instrumentos em meios atraentes e estimulantes a curiosidade. A escola, em contrapartida, continua no mesmo lugar enfadando a vida de alunos e professores.
Do jeito que o meu avô, meu pai, eu e meu filho estudou, meus netos estudarão, sentados em fila indiana em uma sala em colunas na qual seguem a frente um indivíduo a repetir coisas, e entre o aluno e professor um livro didático entristecido, cabendo ao aluno depositar todas as suas necessidades de aprendizagem, em um ir e vir mediatizado em meios que a cada dia se tornam mais obsoletos, ao menos aos olhos dos alunos.
Nos últimos cem anos por mais que me esforce não consigo ver o que foi incorporado de novo à escola para que ela se tornasse um lugar criativo e criador, um espaço mais lúdico e menos enfadado pelas repetições. Sem grande trabalho vemos que o livro didático ficou mais colorido, a TV cumpri uma função terapêutica para algumas disciplinas e o PC, assim como o data show e a lousa interativa apenas foram postas a serviço de uma maior eficácia, bastante questionável, diga-se de passagem, da vida em sala de aula. Em resumo, não consigo ver na escola mudanças substanciais que a tornem outra coisa senão ela mesma, como uma senhora enrugada de seios flácidos, pálpebras caídas e nádegas repletas de estrias e celulite, logo após um série de cirurgias plásticas parece melhor, mas continua um velha senhora, incapaz de fazer frente a uma jovem de dezenove anos.
Em terra de analfabetos, somos 15% da população com mais de 15 anos e mais 43% de analfabetos funcionais, que mal conseguem ler e entender uma manchete de jornal ou um bilhete, assim quem tem o mínimo de qualificação se sente rei, ou seja, lutamos para ter uma escola que ensine a ler e escrever, e consiga cumprir seu papel social, minimamente, o que já faria feliz nove entre dez brasileiros, mas para quem vive de educação isto é pouco, é quase nada.
Gostaria de imaginar uma sociedade empenhada em pensar e criar uma escola criativa, estimulante e diferente do que temos hoje, na qual os alunos, assim como os professores pudessem ser criadores e não meras criaturas escravizadas por livros e materiais apostilados medíocres que ensinam um punhado de tolices, que hoje, sem grande  esforço, se pode saber usando os diversos recursos de mídia disponível. Até quando ficaremos vendo a escola envelhecer sem nos interpor exigindo algo criativo de verdade, algo que use e abuse da ludicidade infantil e adolescente? A escola esta desconectada da vida real, ensimesmada ela sequer consegue se libertar dos seus arcaimos e ranços, como dizia um grande professor que tive, se São Tomas de Aquino pudesse voltar hoje a única instituição que ele reconheceria e saberia o que é seria a escola. Precisamos de mais?

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