Uma mítica esquerdista e
enviesada pela pequena burguesia, fez crer a sociedade brasileira que a escola
é um lugar democrático, não. Não poder ser e nunca será. O porquê é simples, a
escola é um estado técnico como qualquer outra instituição social que nos cerca
e nos servimos.
Por estar sustentada em um
universo científico e técnico a escola obedece a um conjunto de critérios e
preceitos comuns a qualquer equipamento social que atende ao cidadão, crer,
ingenuamente que terceiros possam inferir ou ter ingerência sobre o trabalho da
escola é como acreditar que o paciente possa discutir os procedimentos com o
médico, ou o contratante possa discutir as especificações técnicas com um
engenheiro civil.
A questão é saber por que
ninguém espera que médicos, engenheiros, bioquímicos, veterinários, zootécnicos,
e todos os profissionais e instituições que lhes servem sejam democráticos em
seus pareceres ou procedimentos, mas na escola todos se sentem confortáveis par
produzir juízos e reverberar verdades sem qualquer incômodo.
Elenco aqui algumas hipóteses
para tal realidade, primeiro, nossa sociedade possui um baixíssimo nível de
escolarização, ou seja, a maioria esmagadora dos brasileiros passa pouco tempo
na escola, hoje não mais de sete anos.
Segundo, a sociedade promove
o debate educacional muitas vezes á partir de economistas, biólogos, médicos,
terapeutas enfim se dá voz a quem não vive a escola ou a pensa em seu
cotidiano.
Terceiro, há uma confusão,
em especial na distinção entre escola pública e privada, como apenas me
dediquei a vida toda a escola privada posso falar sobre ela, a classe média que
paga pelos serviços educacionais acredita, ao menos uma fração dela, que cada
pagante pode fazer e ter interferência sobre o que e como a escola deve operar
seu cotidiano.
A escola assim como toda
instituição social privada precisa ser rentável para poder existir, da mesma
forma que cada uma possui projetos pedagógicos próprios, materiais didáticos
escolhidos por suas equipes e valores intrínsecos a si. As famílias ao se
matricularem em uma escola fazem valer uma série de fatores, de forma que ao
deixar seus filhos aos cuidados da instituição cabe aos responsáveis um conjunto
de deveres que precisam ser compartilhados com a escola, entre eles a
pertinência crítica necessária e fundadora das relações profissionais, porém
não se pode e nem deve confundir tal limite, a custo de se fazer da escola
refém dos desejos e anseios de indivíduos e não do coletivo a qual a escola tem
por princípio responder.
Quando falamos em limites
nos reportamos a situações óbvias em todas as instituições, porém, na escola
diante de alguns grupos familiares não o são, por exemplo, desde a exigência de
uma obra até a demissão de um profissional não cabem às famílias tais decisões.
Seja porque não se pode expor a realidade financeira de uma escola, assim como
o estabelecimento de prioridades é uma decisão institucional e não de quem
compra pelo serviço. O mesmo vale para os juízos acerca dos profissionais,
todos tem o direito a fazer críticas e observações, mas não impor os seus
desejos.
A relação família-escola não
é algo pautado pela democracia, é uma troca, a escola presta serviços educacionais,
as famílias são convocadas a participar da vida escolar dos seus filhos, mas
não da gestão pedagógica ou administrativa da escola. Um serviço assim como um
negócio não tolera a democracia pelo simples fato de haver entre o objeto em si
e aquele que usufrui uma contradição insuperável, pois a despeito de tudo o
demo (povo) é chamado a participar da coisa pública e não da coisa privada,
tentar superar a contradição é inverter papeis e em fazendo, a escola deixa de
ser escola para se tornar um arremedo de família, deixando assim de cumprir seu
papel social.
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