segunda-feira, 2 de maio de 2011

AS PONTES QUE NOS UNEM


As pontes são construídas para que os homens possam transpor obstáculos, para passarmos de um ponto a outro em segurança, porque sempre há algum tipo de risco nos separando do outro extremo.
Quero crer na oportunidade de estar vivo e, assim, poder construir pontes que unam as pessoas aos lugares, aos sentimentos que desconheço, ao desejado e principalmente ao outro. Quando se é jovem não se tem tempo para construir pontes, são sempre melhor buscar atalhos, caminhos alternativos que sejam menos trabalhosos, menos demorados.
Educar em verdade é ensinar a construir pontes, elas não são rápidas de se construir assim como demandam esforço e trabalho constante de nós, certa dose de perseverança e persistência para que se consiga não se deixar abalar pelo desanimo, pelo cansaço, pela descrença ou pelo desamor. Estou convencido ser a perseverança a maior das virtudes do educador, ensinar que não se pode desistir diante das pequenas ou grandes dificuldades, que ao abandonar um projeto, ao abandonar um desejo, ao esquecer um sonho se abre também as portas para a desilusão e o sentimento de fracasso, fio condutor para o imobilismo e a apatia.
Ensinar é fazer o educando vislumbrar as possibilidades postas do outro lado da ponte, e como do outro lado sempre pode haver algo desejado, o segredo da educação é fazer com que os alunos não encontrem em nós respostas, mas sim as perguntas certas para se sentirem capazes de seguir em frente, pois não se pode ensinar que uma ponte, ao nos levar para o outro lado, ao encontro de alguém ou de algo, é a mesma que nos permite retornar em segurança ao ponto inicial se assim o quisermos.
Ao construirmos pontes podemos avançar assim como estamos seguros de, se necessitarmos, poder retornar, mas esta é uma percepção aprendida na árdua tarefa do educar de todos os dias, pois na maioria das vezes é sempre mais fácil seguir pelo mais fácil, correr riscos mesmo que não se saiba quais é e ao fim do caminho não saber como voltar, ou ao fazê-lo se colocar em perigo, como a maioria dos adolescentes e jovens faz, ou simplesmente desprezar o fato de que, onde existe uma ponte, é sempre possível seguir adiante pelo mesmo lugar que se pode retornar ao ponto de partida.
É preciso construir pontes para passarmos pela barbárie, pela desumanidade de um mundo cada vez mais desapegado do humano, ensinar é poder transpor com inteligência e sabedoria os rios de contrariedades e violências físicas e simbólicas presentes em nosso cotidiano. Não é fácil ensinar a construir pontes, não para si, mas para o outro, não para hoje, mas para amanhã e sempre, não é fácil educar, não é simples viver e crescer, mas é virtuoso conhecer como se constroem pontes.


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