sábado, 26 de fevereiro de 2011

OS ADULTOS ESTÃO DE FÉRIAS


         A terra do nunca é aqui; o mundo Peter Pan já chegou e ainda uma boa parte das pessoas não se deu conta, mas ela está entre nós. Adultos que não querem crescer e crianças que nem sabem o que é ser criança parecem estar por todas as partes.
         Seria irrelevante lembrar se a maioria não esquecesse o que aconteceu com a família nuclear nestes últimos trinta anos, o uso seguro de contraceptivos associados a uma mulher mais inteligente, mais independente e, por conseguinte, mais rica para ser dona de seus destinos, fez dos homens seres omissos na maioria das relações familiares.
         Com as mulheres podendo decidir a vida familiar junto com os homens tudo ficou e ainda continua um tanto confuso na vida privada, já que igualdade de condições de ambos aliada a uma prole cada vez menor  exige posturas outras das classes médias altas no trato das coisas da família.
         Uma ponderação que ainda não se fez presente na maioria dos lares. Existe uma infatilização crescente dos adultos, sujeitos que parecem viver entre a puberdade e adolescência não em tempo contínuo, mas como se fossem espasmos de um psicopata. Se parece forte tal termo o que dizer de pais que questionam seus filhos de 4, 5 anos sobre coisas do tipo, “você quer estudar nesta escola? Você gosta daqui?” Adultos que não querem decidir nada ao lado de crianças que não sabem como e porque decidir.
         Este adulto é o mesmo que se incapacita de dizer NÃO        a seus filhos e em alguns momentos se veste como seus filhos, junta bichinhos de pelúcia como seus filhos, gosta de filmes feitos para seus filhos e vão a escola defender seus filhos, de tudo e de todos.
         Quando vistos através da escola, estes pais mais se assemelham a sujeitos inseguros que vivem no limiar entre a condescendência absoluta e a incapacidade de responder a que se presta a maternidade/paternidade. Como um dever a ser cumprido frente aos filhos os pais se obriga, a não contrariar na mesma medida que se esquecem das condições formativas na qual vivem seus filhos, invertendo a condição natural da paternidade/maternidade, ao invés de se empenharem para transformar as crianças e adolescentes em adultos, são os adultos que se fazem infantis.
         Como uma nuvem que paira sobre estes adultos, há uma insegurança presente na fala, nas ações deles frente aos filhos e junto ao mundo que com eles se relaciona imediatamente. Esta insegurança se traduz em palavras e atos de acantonamento das pequenas e grandes coisas que regem a vida cotidiana das relações paternas com seus filhos. Creio que em uma cultura narcisista como a nossa na qual o individualismo é cada vez mais levado as últimas conseqüências, a condição paterna/materna se encontra sistematicamente em xeque, olhar para si tendo que também olhar pelo outro, meu filho, eleva nos adultos a insegurança da mesma forma que recoloca as suas relações com o mundo exterior como sendo tensas e pautadas por razão muito mais infantil do que adulta.

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