Um grande amigo me confessou, dias
atrás, que dará uma guinada em sua vida, que mudará radicalmente o modo e a
maneira como vive, como amigo me coube apenas apoiar, estender a mão e dizer
que poderia contar comigo para tudo que precisasse.
Perto dos cinqüenta anos não é fácil
impor mudanças profundas na vida, esta é idade deste meu amigo, assim como a
minha idade, fiquei tentando encontrar palavras e força para estimulá-lo, para
não fazer parecer que ele, depois de uma vida inteira dedicado a uma causa,
virasse as costas a tudo e possa ser tomado por louco ou inconseqüente.
Refletindo me veio Nelson Mandela,
fiquei imaginando um homem negro de mais de quarenta anos, condenado e preso a
prisão perpétua em um país racista. Este homem saiu da cadeia com mais de
setenta anos, e reinventou seu país sustentado em uma única convicção, a
esperança.
Os céticos, os fracos e os
pessimistas acabariam por sucumbir depois de quase trinta anos de cadeia, uma
idade avançada e um mundo infinito de problemas pela frente, porém um homem
tomado de esperança é capaz de recompor a realidade dentro de si, a limitação
física pela idade, a tristeza por tantos anos de confinamento e as tantas
batalhas a serem travadas para fazer o mínimo parecem barreiras
intransponíveis, errado. O motor de tudo residiu na firme esperança de que tudo
é possível quando assim se quer.
Quanta esperança pode haver dentro de
nós? A esperança é do tamanho da nossa alma, quão maior ela é maior será nossa
esperança. A alma de homens assim, é imensa, pois nela não cabe rancor ou
hipocrisia, ressentimento ou vingança, quanto maior a alma maior a
condescendência com o humano, a tolerância pelo amor e não pela conveniência
oportunista.
Decididamente eu não sei o que o futuro nos reserva,
desconheço o que será de nós, e em especial deste querido amigo, mas creio
profundamente que tomado da esperança de fazer algo melhor é possível mover o
futuro em prol das nossas convicções e desejos. Uma alma grande, em um grande
homem faz tudo parecer e ser pequeno diante do desafio cotidiano que é viver.
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