sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Escola em Tempo Integral

Este é o mote da campanha eleitoral deste ano, ou pelo menos os candidatos estão repetindo o tempo todo    escola em tempo integral, seja para presidente, seja para o governo do estado, em especial São Paulo, onde moro, e claro que todos nós somos a favor de uma escola maior e mais dedicada ao aluno, e a questão não é esta, é outra, é COMO?
Como o executivo irá fazer é a grande questão, pois senão vejamos, Para que você dobre o tempo de permanência dos alunos na escola, de míseras quatro horas diárias para sete ou oito horas, será preciso construir mais escolas, ou seja, será necessário um investimento gigantesco em infraestrutura, quantas escolas mais somente o estado de São Paulo e as prefeituras terão que construir para poder absorver estes "novos" alunos? Não tenho os números, mas sei que serão muitas, ou será que o poder público vai apinhar os alunos no pátio contratar estagiários para dar recreação aos alunos? Não duvido que isto ocorra. E mais, nossas escolas tem uma arquitetura horrível, em sua imensa maioria são feias, pequenas, desconfortáveis, em todos os sentidos, quando não são sujas. Faltam salas adequadas, bibliotecas, salas multimídia e quadras, no plural, poliesportivas. 
Ao aumentar a carga horária será preciso também contratar mais professores, e mais pessoal, como sabemos com os salários atuais, e falta crônica de profissionais, vai ser um tremendo desafio, ou será que o brilhantismo dos nossos administradores dará um "jeitinho" colocando estagiários, alunos, para ministrar aula? Eu não duvido, é barato e dá voto.
Um outro ponto é observarmos a condição curricular atual das escolas, decididamente ela não é boa, um currículo equivocado, por vezes extenso e que oferece um monte coisas dispensáveis, o que faremos? Uma reforma curricular? Seria ótimo para o Brasil, mas eu duvido, pois para isto é necessário uma dose extra de ousadia, algo digamos, muito em falta na coisa pública brasileira.Ousadia para transformar radicalmente a estrutura da escola, recompondo a sua base epistemológica.
As pessoas que detém o poder em nosso país parecem desconhecer por completo o que é a escola e quais as suas necessidades, uma escola pública de qualidade, precisa ser pensada a partir de seu currículo e do modelo de aprendizagem, e esta discussão passa anos luz dos debates públicos.
Em meio as estes pequenos detalhes, apenas citados aqui, como acreditar que teremos escolas em tempo integral? Sendo ingênuo ou desinformado. 
Eu gostaria de ser otimista, mas eu não consigo.

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