quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O material didático

Existe um quantidade enorme de materiais didáticos disponíveis no mercado brasileiro, e ainda há uma equipe no MEC especializada que avalia quais livros devem ser comprados pelo poder público e distribuídos gratuitamente aos alunos. Evidente que temos materiais didáticos de boa qualidade, porem como tudo há uma limitação na maioria deles, não vamos aqui dar como exemplo o material comprado no ano passado pelo governo do estado de São Paulo que tinha erros absurdos de geografia e português, ficamos apenas com aqueles que são  metodológica e cientificamente bons naquilo que se propõe.
De uma forma geral estes materiais respondem a uma proposta curricular e, portanto, faz escolhas de o que se irá aprender e  indica como isto se dará. O problema está justamente quando o material didático se torna ele, e só ele todo o currículo da escola, se adquiri um material apostilado, de um sistema de ensino, ou um livro didático e ele se torna meio e fim curricular, "dado" do começo ao fim para que se justifique a sua compra, simples assim. O material didático é o currículo.
É este um dos maiores erros cometidos pela escola, de certa forma ele se explica por um conjunto de razões, mas eu destacaria o papel do professor e da direção da escola, ambos incapazes de assumir pedagogicamente a  escola sentando comodamente em um monte de papel e acreditando assim estar educando e formando o aluno.
Qualquer aluno de pedagogia sabe que um livro ou um conjunto de apostilas não é em si a definição de um currículo escolar, mas na prática é isto que se vive na maioria das escolas. A má formação dos educadores tem no livro didático uma benção salvadora, afinal, está tudo nele, ou quase tudo.
Do outro lado, é fato que não existe mais grandes manuais que orientem a vida escolar, recordo que nos anos noventa fui convidado por uma grande editora paulista para avaliar um conjunto de livros italianos para o ensino médio, eram manuais de geopolítica e história geral que traziam ainda discussões entremeadas de literatura e filosofia. Minha conclusão foi que aqueles manuais poderiam ser usados nos primeiros anos de um curso de ciências humanas, mas não não ensino médio,  o mercado brasileiro, seus professores e nossas escolas, ou poucas delas, poderiam fazer uso deste material. Na mesma época a professora Marilena Chauí lançou um livro de introdução a filosofia, um belo manual, voltado para o médio, e hoje ele é largamente usado em faculdades.
Estou convencido, a questão não está no material, mas sim na escola, em seus educadores, no baixo nível de exigência deles, na zona de conforto e na resignação de que quanto mais "simples" e medíocre o material didático melhor para os alunos, ou não seria melhor para o professor?

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