segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O fim do Ensino Fundamental 2 e Médio



A nossa escola dividi-se  em três ciclos, de 1º a 5º ano,  de 6º a 9º ano e o ensino médio, o primeiro ciclo dedicado à formação das crianças e o último aos adolescentes, o problema  está no meio, na zona cinzenta e esquizofrênica do antigo ginásio. Quando eu e você estudamos, a adolescência chegava por volta dos 13, 14 anos de idade, o ginásio era, ainda, um lugar mais de crianças ou pré adolescentes, em suma um lugar mais infantilizado, e até hoje a sua estrutura é muito parecida com o que havia no passado.
A questão é que os alunos estão chegando a adolescência cada vez mais cedo e com valores e visão de mundo muito diferente daquela que se pensou a priori da construção curricular e metodológica do ensino fundamental. Há uma pressão dos alunos, em especial nas duas últimas séries, 8º e 9º anos, para que eles sejam tratados como os alunos do ensino médio, via de regra com mais abertura e liberdade por parte da escola, com um ambiente mais flexível e menos infantil.
A realidade nesta faixa etária se mostra cada dia mais complexa e exigente de professores e de educadores, boa parte dos problemas mais graves e incisivos de disciplina se dão nestes quatro anos de transição entre a infância e a adolescência.
Acredito que a melhor estratégia pedagógica e educacional seria nós repensarmos este segmento, e mudá-lo radicalmente, ou seja, dois primeiros anos introdutórios, com as disciplinas básicas, português, matemática, história, geografia, ciências, inglês e artes, e ainda, aulas de educação sexual, teatro e outras tantas disciplinas em um conjunto no qual os alunos pudessem escolher duas ou três como optativas. 
Afora isto a geografia das salas de aula deveria ser alterada, colocando fim às carteiras individuais e optando pela colocação de mesas coletivas na qual os alunos se sentariam, dividiriam e compartilhariam todo trabalho de sala de aula. Esta nova geografia e arquitetura se manteria até o final do ensino médio, com isto se altera a percepção do espaço escolar e da aprendizagem, como no mundo do trabalho, um espaço de trocas e de solidariedade intelectual entre grupos e entre todos.
Os dois anos seguintes seriam já o ensino médio, teria uma estrutura curricular com um conjunto de disciplinas básicas mais física, química e literatura e mídias. Ao final deste segundo ano o aluno teria uma estrutura curricular aberta na qual seria obrigatório apenas português, matemática, literatura, inglês e história, as demais seriam disciplinas optativas que deveriam ser escolhidas até um determinado número para compor o currículo do aluno. 
O espaço aqui não permite que sejamos mais profundos na proposta, mas antes que alguém pense que tal coisa é absurda, afirmo que já o realizamos em uma escola em que dirigi, e quando se quer, tudo é possível, acercado de bons profissionais e famílias interessadas.

PS: não tocamos aqui na questão do material didático que fica para a próxima postagem.

Um comentário:

  1. Escreva mais sobre este assunto, vamos ampliar as ideias e propostas. Socializar fatos reais, questões sobre o currículo do fund. II e médio,a formação dos professores especialistas, as necessidades de nossos adolescentes e o "buraco negro' que é esse segmento na escola. Impossível não constatar tal realidade! O que pensam os educadores que atuam direto com este segmento da escola? às vezes parece um teatro, e dos piores.

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